O blog publica hoje a carta deixada pela médica
"Deveria garantir que já estaria dormindo quando sobreviesse o fim, que não houvesse pânico, nem trauma, nem dor, um nevoeiro imenso, sem cor, sem forma, para sempre.
Senti prazer em pensar que agora não haveria mais nada, que não seria mais preciso sentir, nem reagir, nem providenciar, nem me torturar; que todas as coisas e criaturas que tinham poder sobre mim e mandavam na minha alegria ou na minha aflição haviam-se apagado e dissolvido naquele mundo de nevoeiro.
Respeite a data de partir. Não invente de ficar esticando porque está ótimo, que todo mundo adorou você e etc. Vá embora na data marcada ou prepare-se, o tratamento vai mudar, pois sempre haverá um lugar para conhecer, um perfume para sentir, uma roupa nova, uma bebida, um sorvete, uma comida e etc."
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